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Quatro alunos da Universidade de Cabo Verde participam do programa Erasmus na Eslováquia durante um semestre. É a primeira vez que a Uni-CV envia estudantes para mobilidade neste país.  

Fábio Fortes, Anneidy Centeio, Benício Ramos e Luís Fernandes, são os quatro estudantes da Universidade de Cabo Verde, selecionados para a mobilidade em Eslováquia. 

“É um lugar diferente e é a primeira vez que estão enviando alunos de Cabo Verde para a Eslováquia, por isso não sei o que vou encontrar, pode ser maravilhoso ou totalmente oposto”, disse Anneidy Centeio, aluna do 3.º ano do curso de Filosofia Política e Relações Internacionais.

Anneidy, inscreveu-se para mobilidade porque quando estudava em Portugal, via alunos de outros países em mobilidade, e quando regressou para Cabo Verde, começou a estudar na Uni-CV e viu que existia a possibilidade de participar no Erasmus em outros países da União Europeia. 

“Vi a oportunidade de ir conhecer outra cultura, ter outras experiências, praticar o inglês, além disso, as disciplinas que vão lecionar não têm no nosso curso, então é uma mais-valia para mim”, citou a estudante. 

Fábio Fortes, estudante do 2.º ano de Relações Internacionais e Diplomacia, diz que o que levou a inscrever para a modalidade Erasmus, foi uma oportunidade que surgiu, e “vai ser bastante enriquecedor para o curriculum”, e indo para Eslováquia irá buscar experiência e trazer para os seus colegas e contribuir para o ensino na sua universidade. 

“O meu primeiro plano é estudar muito, porque indo lá estamos representando a Uni-CV, o que é uma grande responsabilidade”, adiantou Fábio Fortes, demonstrando um pouco de “medo”.

“Sim, pois a realidade é diferente do que estou acostumado, saí da minha ilha e vim estudar aqui na Cidade da Praia, nunca imaginei que algum dia iria para Eslováquia, mas espero corresponder as expetativas”, acrescentou o estudante santantonense.

 Luís Fernandes, um dos quatro selecionados, preferiu ir para Eslováquia, sendo este um país diferente do que muitos estudantes escolhem, e mostrou-se aberto em adaptar-se a uma nova cultura e “enfrentar a barreira linguística que vai ser uma boa experiência de sobrevivência”, porém, com algum receio.

“Estou com um pouco de receio e ansiedade, porque em Eslováquia a língua inglesa está entre o recinto escolar e é uma língua que não tem uma ligação com a língua portuguesa, se fosse nos países como Espanha ou Portugal seria mais fácil de entender”, disse Luís, do 4.º ano do curso de Relações Internacionais e Diplomacia.

“Foi uma grande oportunidade que apareceu e agarramos, e essa experiência fora do país é um ganho pessoal e para a universidade. Trazer novas ideias, é mais-valia para o nosso curso e enriquecer o curriculum” destacou Benício Monteiro, aluno do 2.º ano do curso de Relações Internacionais e Diplomacia. 

Os quatro estudantes selecionados, vão passar durante um semestre na Pan-European University, na Eslováquia. Uma oportunidade de desenvolverem as suas habilidades, conhecerem um novo estilo de educação e novas culturas.

A mobilidade oferece a possibilidade de efetuar um período de estudos, com pleno reconhecimento acadêmico, com a duração mínima de 5 meses num estabelecimento de ensino superior.

O programa Erasmus apoia as atividades europeias das instituições de ensino superior, promovendo a mobilidade e o intercambio de estudantes, professores e funcionários.

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A Universidade de Cabo Verde acolheu o lançamento do livro “O Sonho de Laurinha”, uma obra multiformato das autoras Carina Alves e Célia Sousa, para crianças e jovens com deficiencia.

O livro dispõe de texto aumentado para crianças e jovens com baixa visão, braille para crianças e jovens cegas, pictogramas para crianças e jovens com incapacidade intelectual e diversidade funcional ou limitações de outra natureza. Além disso, conta ainda com um Código Quick Response (CQR) que remete para versões: e-book, audiolivro para cegos e vídeolivro em Língua Gestual Portuguesa para surdos. 

A ideia principal do livro remete ao sonho de uma menina brasileira que queria estudar fora do país e torna-se numa vítima de preconceito e xenofobia por ser preta e, principalmente, por ser mulher.

“O livro é um chamado a toda a população e a sociedade para olhar para as mulheres com respeito, de maneira que tire a mulher de um lugar menor”, apelou Carina Alves, uma das autoras do livro.

Um livro destinado aos "leitores especiais", que pode ser lido por familiares, associações e, principalmente nas escolas, no sentido de promover a educação literária.

“Nós não fizemos um livro para crianças com deficiência, fizemos para todas as crianças para que sejam um instrumento de sensibilização para uma sociedade que nós queremos que seja mais inclusiva”, acrescentou Célia Sousa, também autora da obra.

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A apresentadora do livro, Fátima Fernandes, Pró-Reitora para as áreas de Política Estudantil, Social e Extensão da Universidade de Cabo Verde, sublinhou ainda que “a maior deficiência é a indiferença e a ignorância, estes são os males sociais que Laurinha grita no livro”.

O valor arrecadado com a venda dos livros será destinado para a Associação Colmeia que trabalha com pessoas com necessidades especiais.

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A Universidade de Cabo Verde pretende criar um Programa Regional de Doutoramento em Matemática (PRDM) para a formação de quadros nos PALOP, com vista em vários objetivos, entre eles:

- Reforçar o corpo docente das universidades nos PALOP;

- Potenciar a criação de grupos de investigação sólidos que integram investigadores dos PALOP em parceria com investigadores de outros países;

- Reforçar a rede de investigação nos PALOP;

- Reforçar a capacidade de produção científica dos PALOP.

A primeira edição deste programa está prevista para o ano 2022/2023, no regime presencial, na Universidade de Cabo Verde, e conta com a colaboração de diversos professores das universidades de Angola, Portugal, Espanha, África do Sul, entre outros.

Neste sentido, para conhecer o perfil dos potenciais candidatos, a Uni-CV elaborou o questionário no link abaixo.

Questionário - Perfil de potenciais candidatos.

Agradecemos a sua participação, que contribuirá para uma melhor organização do processo inicial do PRDM.

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Os Serviços de Ação Social, através da Secção do Desporto e Bem-estar, pretendem fazer uma recolha de dados que tem por finalidade compreender o perfil dos estudantes atletas da Universidade de Cabo Verde, através de identificação de estudantes matriculados nos ciclos de graduação e pós-graduação na Uni-CV, com aptidões desportivas, em diversas modalidades individuais e/ou coletivas, de modo a redefinir a estratégia de implementação do desporto universitário na Uni-CV.  

Além de atletas, pretende-se identificar quais são os estudantes que são treinadores, árbitros, ou que têm interesse pelas áreas de gestão desportiva, jornalismo desportivo, fisioterapia e entre outros.

O prazo da recolha vai até o dia 20 de fevereiro.

Participe através do formulário: https://forms.office.com/r/32BegirDgT 

Final Dr Tiago Miranda

Tiago C. P. dos Reis Miranda, Doutor em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), esteve na Universidade de Cabo Verde em mobilidade e, em entrevista, partilhou um pouco de sua experiência e dos seus estudos. No momento, o historiador está ligado ao Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (CIDEHUS) da Universidade de Évora, onde desenvolve trabalhos de história política, de história da cultura e do património, com destaque para as áreas da escrita, do livro e da leitura.

  • Em que âmbito se enquadra a missão que realizou em Cabo Verde?

A minha missão em Cabo Verde enquadra-se no âmbito de um projeto europeu denominado “Resistance: rebeliões e resistência nos impérios ibéricos, séc. XVI-1850”. Sob a liderança da Prof.ª Doutora Mafalda Soares da Cunha, da Universidade de Évora e também do CIDEHUS, essa iniciativa, começada em 2018, reúne cerca de 100 investigadores provenientes de 12 entidades de pesquisa e ensino, e de nove diferentes países: três da Europa (Portugal, Alemanha e Espanha), cinco das Américas (Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos e México) e um africano: Cabo Verde. Os nossos principais objetivos prendem-se com o estudo e a compreensão de fenómenos de luta e resistência de sujeitos historicamente desfavorecidos, descriminados ou dominados. Pretendemos, portanto, dinamizar a publicação de novos trabalhos académicos, não descurando, contudo, a elaboração de materiais de apoio ao ensino ou de divulgação social mais alargada, como, por exemplo, exposições de cartazes. O projeto “Resistance” aposta, igualmente, na produção de vídeos e de entrevistas, disponibilizados on-line, sem restrições. Especificamente em relação a Cabo Verde, cabe talvez destacar que se prepara para o início de junho o VII Simpósio do projeto, no campus da Uni-CV na Cidade da Praia.

  • Quais foram as principais atividades realizadas ao longo da missão?

Em meados de janeiro, ajudei no transporte de uma exposição de cartazes para São Vicente, e, juntamente com a minha colega Fernanda Olival, fi-la chegar às mãos da responsável pela área de História da Escola Secundária José Augusto Pinto, no Mindelo. Dias depois, participei igualmente na inauguração desse material, entretanto montado na ludoteca, para a leitura e o estudo dos alunos. Pretende-se que nos próximos meses a itinerância iniciada em Santiago se estenda ao maior número possível de estabelecimentos de ensino das duas ilhas ocidentais do grupo do Barlavento.

Na Cidade da Praia, e tendo em conta a importância crescente das chamadas “novas tecnologias”, plasmada também no “Resistance”, realizei no ANCV um minicurso de quatro horas intitulado: “A informação na Era Digital: fontes impressas e fontes manuscritas”. Mais tarde, participei nas II Jornadas Escolares do Tarrafal, ficando responsável pela condução dos trabalhos dos docentes da área de História. Ressalto, por fim, uma visita que realizei ao campus da Uni-CV na Assomada, Santa Catarina, a convite do Prof. Doutor António Correia e Silva, para expor algumas noções sobre a recente evolução dos grandes repertórios digitais de interesse académico.

  • Qual é a relevância da pesquisa online para a História de Cabo Verde, em particular?

Nas últimas décadas, deixou de ser possível ignorar o espaço da internet, porque ele passou a fornecer-nos acesso praticamente instantâneo a um número espantoso de recursos. A informação “virtual” poupa-nos tempo e dinheiro. Dá-nos a impressão de termos o mundo ao alcance dos dedos. Especificamente no caso de Cabo Verde, o mundo que chega pela internet permite matizar uma série de desvantagens competitivas derivadas da realidade geográfica. Os repertórios que estão disponíveis aos europeus ou aos norte-americanos, via de regra estão também disponíveis aos nacionais de outros Estados. No campo da História, parecem-me especialmente importantes para os cabo-verdianos os recursos bibliográficos e documentais dos sites da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), também de Portugal, da Fundação Biblioteca Nacional do Brasil (sede oficial do Projeto Resgate – Barão do Rio Branco) e de algumas grandes instituições de ensino e de pesquisa desses dois países, como a minha alma mater, onde se encontra a notável Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.

  • Uni-CV – Os estudantes muitas vezes precisam de materiais bibliográficos para a realização dos seus trabalhos académicos, que nem sempre encontram nas bibliotecas de impressos a que têm acesso. De que forma as bibliotecas virtuais podem constituir, se não a alternativa, ao menos o complemento das bibliotecas tradicionais?

A esse respeito só posso dizer que todas as universidades e todos os cursos superiores que dominam os rankings internacionais apostam, sem hesitação, em serviços de apoio bibliográfico para professores e alunos, onde se encontram repertórios digitais dos trabalhos produzidos dentro da própria instituição ou seu nome; indicações para pesquisa e consulta de sites similares, nacionais e estrangeiros, e o acesso condicionado a plataformas de disponibilização comercial de livros e artigos científicos, como o JSTOR, o Project MUSE e a BRILL. Os gestores desses serviços de apoio não são geralmente informáticos: são bibliotecários com formação informática ou gestores de informação digital. Convém, no entanto, que continuem a existir profissionais com uma visão de conjunto das bibliotecas, nela integrando todos os tipos de suportes representados nos seus acervos.     

  • Sendo o livro antigo um dos seus interesses como investigador, podia dizer-nos se nas suas pesquisas encontra livros que tenham relevância para o conhecimento da História de Cabo Verde?

Uma das obras que figuram na biblioteca do Colégio Militar de Lisboa, onde há anos desenvolvo démarches, é a Encyclopédie Méthodique par ordre des matières…, publicada entre 1782 e 1832. Constituem-na, ao todo, mais de 200 volumes. Poucas instituições em Portugal possuem um conjunto tão completo. Para fazer uma pesquisa nesse colosso, tendo em mente a história do arquipélago de Cabo Verde, logo se perceberá ser necessário imenso tempo de dedicação, porque a obra praticamente não traz qualquer índice que possa ajudar. O advento do digital tornou, no entanto, muito fácil outra abordagem: através dos prompts de busca do Google books e mesmo da Gallica (em geral, mais fiável) pode-se pesquisar a expressão “Cape-Vert” em todos os volumes da Encyclopédie méthodique, disponíveis nos dois repertórios. De imediato se verifica a ocorrência de informações pertinentes, em diversas matérias: desde a Geografia Física ao Sistema Anatómico dos Mamíferos.

Quando bem-feita, a descrição de exemplares de livro antigo tem porventura a vantagem de catalisar o interesse dos investigadores e de eventualmente lhes facilitar o acesso à leitura dos textos. Por exemplo: no catálogo de livro antigo da Biblioteca do Exército Português, que se encontra on line, há duas obras em que as Ilhas de Cabo Verde aparecem incluídas no título. A primeira é a Milicia prática, e manejo de infantaria, de 1740, em dois volumes, escrita por Bento Gomes Coelho, identificado na folha de rosto como cavaleiro da Ordem de Cristo e antigo governador de Cabo Verde e da Guiné (1733-1737). Trata-se de um livro relativamente raro, de reprodução não disponível no Google books, e de que a BNP só parece ter um conjunto em bom estado. A segunda obra é a Sentença proferida na Caza da Supplicação contra os réos compreendidos na devaça que S. Majestade Fidelissima mandou tirar pela morte do bacharel João Vieira de Andrade, sendo ouvidor nas Ilhas de Cabo Verde, do ano de 1764. Também nesse caso, a BNP só apresenta no seu catálogo um exemplar em condições de consulta, e o Google books volta a ser imprestável para a leitura do texto. Mas os estudos desenvolvidos para a elaboração do referido catálogo levaram, felizmente, a Biblioteca do Exército a decidir tornar acessível uma reprodução digital dos dois volumes de Bento Borges Coelho. E com um simples “clique” no hyperlink que consta no pdf citado, tornou-se assim possível conferir à distância o seu conteúdo. O mesmo se pode dizer em relação à menos extensa, embora, para o efeito, mais pertinente Sentença… da Casa da Suplicação, certamente conhecida em suas linhas gerais pelos seguidores dos livros de Germano Almeida.

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