No âmbito da comemoração dos 40 anos do ensino superior público em Cabo Verde, a Universidade de Cabo Verde realizou na terça-feira, 12 de novembro, no auditório da Escola de Negócios e Governação, uma conferência sobre Memórias do Ensino Superior na promoção das línguas de Cabo Verde do período colonial aos dias atuais, proferida pela investigadora Amália de Melo Lopes.

A conferencista defende que no contexto cabo-verdiano, se calhar, já não são suficientes as metodologias do ensino do português como língua segunda, mas sim, é preciso investir na educação bilingue, pondo as duas línguas em paralelo para que desde infância as crianças sejam confrontadas naturalmente com as duas.

Amália Lopes falou da memória, da história, do discurso científico e das práticas do ensino das línguas de Cabo Verde (portuguesa e cabo-verdiana) na sua articulação com o desenvolvimento do ensino superior e da investigação. Debruçou-se sobre o processo de construção da língua materna, da língua segunda e da emergência do discurso sobre a educação bilingue, buscando situar como surge e como se instala essa naturalização nas suas relações com a língua cabo-verdiana, que é uma língua praticada, nossa língua cotidiana, e a língua portuguesa que é a língua oficial, destacando no período pós-colonial.

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“40 anos depois do início do ensino superior público em Cabo Verde e do Iº Colóquio Linguístico sobre o crioulo de Cabo Verde, é tempo de a academia orientar a discussão das questões implicadas com a língua cabo-verdiana para o seu aprofundamento progressivo para sairmos desse impasse de não estar a beneficiar as línguas”, concluiu a conferencista.

Amália de Melo Lopes é doutora em linguística pela Universidade de Lisboa, mestre em linguística aplicada ao ensino da língua pela Universidade Católica de São Paulo, licenciada em estudos portugueses. Atualmente, é investigadora do Instituto Internacional de Língua Portuguesa e diretora da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa. Possui trabalhos de investigação na área de sociolinguística.