A reportagem “Os Homens do mar: uma viagem em busca de sobrevivência” da ex-estudante da Uni-CV no curso de Jornalismo, Cassandra Silva, foi a vencedora do Prémio Nacional de Jornalismo, na categoria Televisão. O anúncio dos vencedores do PNJ foi feito no dia 3 de maio, pela Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Natural da ilha de São Nicolau e jornalista da TV Record Cabo Verde, a ex-estudante da Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes da Uni-CV e a equipa da TV Record produziram uma grande reportagem sobre "Os Homens do mar: uma viagem em busca de sobrevivência”, que retrata a vida que os pescadores, diante de tantas dificuldades, enfrentam durante a faina marítima (frio, tempestades, chuva).
O PNJ, criado por resolução do Governo em agosto de 2013, tem como objetivo galardoar ações dos jornalistas, empresas ou órgãos de comunicação social, bem como estimular a produção e a difusão de trabalhos jornalísticos que concorrem para a promoção de valores da liberdade e da democracia, do empreendedorismo e da solidariedade social, a preservação do meio ambiente, a promoção da saúde, de hábitos saudáveis, educação para a cidadania e cultura.
A ex-estudante do curso de Jornalismo mostra-se feliz com o resultado e afirma: “É o meu primeiro prémio como profissional da comunicação social, e isso traz-me uma motivação maior para continuar, com mais inovação, criatividade e também com mais investigação”. Silvino Évora e Daniel Medina foram os docentes que marcaram o seu percurso académico na Universidade de Cabo Verde.
Qual foi a sua reação ao saber que venceu o Prémio Nacional de Jornalismo na categoria Televisão?
Cassandra Silva: Foi a primeira vez que participei no concurso, fiquei feliz e também muito grata, por saber que o nosso trabalho (eu e a minha equipa) foi reconhecido e distinguido com o Prémio Nacional de Jornalismo. É o meu primeiro prémio como profissional da comunicação social e isso traz-me uma motivação maior para continuar, com mais inovação, criatividade e também com mais investigação.
Candidatei-me com a reportagem “Os Homens do mar: uma viagem em busca de sobrevivência”, escolhida como a melhor entre 14 trabalhos na categoria Televisão. Daí a gratidão e a grande emoção deste marco tão importante na minha vida profissional e pessoal que significa a realização de mais um sonho.
Porquê "Os Homens do mar: uma viagem em busca de sobrevivência"?
CS: Estando ali vivenciando esta realidade, percebi o quão difícil é a vida deles. Passamos cinco dias no mar e não conseguimos o pescado suficiente que pudesse garantir aos pescadores um rendimento.
São tantas as dificuldades que estes valentes enfrentam nas águas (frio, tempestades, chuva, etc.) que o trabalho deles merece ser mais valorizado, daí a escolha deste título em homenagem a estes homens que passam a maior parte do tempo no mar.
Quem a incentivou a concorrer para o Prémio Nacional de Jornalismo?
CS: O trabalho em si já é um incentivo para se candidatar a qualquer prémio, por se tratar de um documentário inédito, que mostra a rotina dos nossos pescadores, os perigos e vários outros desafios enfrentados por eles.
Ouve também um incentivo por parte do órgão de comunicação onde eu trabalho, a Record TV Cabo Verde (em especial do Coordenador de Produção Edson Gomes) que sempre me apoiou, acreditou e investiu em mim.
Como reconhecimento, os jurados descreveram o referido trabalho como “uma matéria original que combina as formas jornalísticas de entrevistas, testemunhos e depoimentos de vários atores do mar. Um trabalho interessante, dinâmico e corajoso que sensibiliza o público para a faina no mar, trazendo tela adentro os riscos que os pescadores correm como forma de sobrevivência e também pelo grande amor que têm ao mar”.
Como começou a sua paixão pelo jornalismo? Porque escolheu a Uni-CV para fazer os seus estudos superiores?
CS: A minha paixão pelo jornalismo vem desde a infância, quando eu assistia o jornal da noite na RTC e tinha como espelho a jornalista Rosana Almeida e o Waldemar Pires. Cresci e o sonho só foi aumentando. Daí, quando terminei o ensino secundário em 2013, matriculei-me na Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes na Universidade de Cabo Verde e durante quatro anos aprendi muito sobre esta nobre profissão.
Durante o meu percurso académico, escutei de muitas pessoas que o mercado da comunicação social em Cabo Verde é fraco, mas se você fizer o seu trabalho com rigor e qualidade, pode sim encontrar o seu lugar. Além disso, o jornalista pode trabalhar em diversas áreas. Como exemplo, tenho vários colegas a trabalharem como professores e assessores de imprensa.
Há algum professor que marcou o seu percurso académico?
CS: Para buscar informação, é preciso ter a capacidade técnica no exercício da profissão, mas é preciso ter também paixão pela profissão. Sempre ouvi isso dos meus professores.
Silvino Évora e Daniel Medina foram sem dúvida os melhores que eu tive durante a minha licenciatura. O Silvino Évora que sempre defendeu um jornalismo de investigação. E o Daniel Medina que sempre nos incentivou a apostar na leitura e aprender a arte de comunicar.
Estes são apenas alguns dos aspetos que aprendi com estes dois grandes educadores.
Um dos aspetos que mais me cativa no jornalismo é poder contar histórias. Durante o meu percurso de jornalismo (praticamente três anos de experiência entre estágio curricular, profissional e como jornalista profissional), conheci várias histórias, muitas delas fascinantes.