As II Jornadas de Língua Portuguesa - Investigação e Ensino, atividade anual da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa, que visa aproximar a investigação e o ensino, a universidade e as escolas, decorreram nos dias 09 e 10 de dezembro de 2016, no Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP). Tiveram como tema a Educação Bilingue, visando a vitalização de uma rede colaborativa de trabalho que atenda ao contexto educativo cabo-verdiano. Contaram com a importante participação das especialistas internacionais em matéria de educação linguística, Ana Isabel de Oliveira Andrade e Dulce Pereira, e recomendam as seguintes ações:
1. Divulgação, disseminação (e interiorização) dos pressupostos e da filosofia da Educação Bilingue na comunidade e nas escolas, sensibilizando os pais, encarregados de educação e comunidade para as suas vantagens;
2. Desocultação, libertação e valorização das línguas presentes nas escolas, promovendo a confiança, a autoestima e a consciência linguística implícita e explícita das duas línguas, para que os falantes cabo-verdianos possam conhecer e distinguir as fronteiras entre as duas línguas de Cabo Verde (o cabo-verdiano e o português), com vantagens para a preservação da identidade de ambas e para o seu uso funcional e autónomo por parte dos falantes;
3. Adotar, adaptando-o à realidade cabo-verdiana, um modelo de educação bilingue de enriquecimento e desenvolvimento (v. dual language bilingual education), desde o pré-escolar, preparando as crianças para a (co)alfabetização e para o ensino bilingue e definindo os níveis/ciclos de ensino em que as duas línguas devem estar presentes, como objeto e meio de ensino;
4. Regularização da forma gráfica das palavras e instrumentalização do caboverdiano, considerando todas as suas variedades e explorando, numa primeira instância, o que têm de comum;
5. Elaboração de currículos e programas bilingues flexíveis, com foco no falante/aprendente, determinando, para cada ano, e de ano para ano, formas de progressão no desenvolvimento das duas línguas, a nível vocabular, gramatical, discursivo e pragmático, tanto na oralidade como na escrita;
6. Adoção de uma abordagem comunicativa e (meta)cognitiva de ensino de línguas, centrando a intervenção didática no sujeito aprendente e na sua relação com os objetos-língua, visando sempre uma abordagem plural das línguas;
7. Elaboração de materiais multimodais (orais, escritos, audiovisuais, informáticos) e, em particular, dos instrumentos necessários para a alfabetização e biliteracia;
8. Aposta num novo modelo de formação de professores (inicial e contínua), do préescolar ao ensino secundário, direcionada para o desenvolvimento da competência de comunicação plurilingue, da interculturalidade e de competências profissionais educativas que trabalhem a diversidade linguística e reflitam sobre o papel das línguas e das culturas nas situações de educação/formação;
9. Análise das práticas pedagógicas, visando intervir de forma crítica, reflexiva e inovadora na formação dos professores;
10. Desburocratização do ensino a nível administrativo e pedagógico, visando fomentar a criatividade e a participação dos professores na busca das melhores soluções pedagógico-didáticas para as escolas;
11. Divulgação das boas práticas dos professores, criando uma plataforma de troca de materiais, de métodos de ensino eficazes e de produtos linguísticos dos alunos;
12. Criação de um grupo multidisciplinar central que dê apoio in loco ou a distância, usando plataformas informáticas, nas áreas das línguas, da metalinguagem e da didática, nomeadamente;
13. Utilização intensiva dos meios de comunicação social e das novas tecnologias de informação e comunicação como, por exemplo, um programa de rádio ou de televisão para promoção da educação linguística.