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O reputado professor Elísio Macamo aborda as implicações morais nas ciências sociais e a influência da China na academia durante a Conferência de Encerramento (quinta-feira, 28 de setembro) do XV CONLAB e IV CONAILPcsh, no Centro de Convenções.

Na sua intervenção, o Professor Elísio Macamo, destaque em Sociologia e Estudos Africanos, partilhou as suas visões sobre o papel das ciências sociais na formação de futuros viáveis. A conferência, que marcou o encerramento do CONLAB, abordou temas complexos, incluindo a "ecologia moral dos conceitos".

O Professor Macamo é uma figura proeminente no campo académico, com uma carreira que abrange várias geografias e disciplinas. Formado em Moçambique, Inglaterra e Alemanha, tem contribuído significativamente para a investigação em áreas como risco, desastre, desenvolvimento e religião. Atualmente, lidera projetos inovadores que procuram "virar a mesa" na forma como a investigação é conduzida, aplicando conceitos do Sul global à Europa.

"Bem vistas as coisas, não há nenhuma tese, não há nenhuma afirmação que possamos formular ou fazer e que não tenha implicações morais," destacou Macamo. No decorrer da sua apresentação, o professor trouxe à tona a relação entre Cabo Verde e a China, reflectindo sobre as implicações éticas da assistência oferecida por nações estrangeiras.

Num discurso pessoal, o Professor Macamo mergulhou profundamente na relação da sociedade com o passado e o futuro. Destacou o paradoxo da ignorância, onde reconhecer o que não se sabe pode ser uma fonte de conhecimento e introspecção. A crueldade emergiu como um tema central na sua reflexão, citando ações de governos africanos e políticas de imigração na Europa como exemplos palpáveis de como a rectidão moral pode levar à opressão e ao sofrimento.

"Eu vivo há muito tempo na Europa... Continuo profundamente perturbado pela forma como a rectidão moral pode levar as pessoas a fazer mal aos outros," refletiu Macamo. O professor também relembrou a sua infância em Moçambique e os traumas do período pós-colonial, ilustrando a complexidade das questões morais e éticas presentes nas relações humanas e no exercício do poder.

"A grande dificuldade de obtenção, por exemplo, de vistos, é um ato de crueldade com boas razões," comentou Macamo, abordando as dificuldades enfrentadas por africanos. As palavras do Professor Macamo são um apelo à introspecção e à consciência moral. Servem como um lembrete de que a humanidade deve procurar um futuro que valorize a empatia e o entendimento, evitando os vícios e a crueldade que muitas vezes surgem de ideologias rígidas e práticas de governação.

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