ENQUADRAMENTO

Today, European global domination has an ironclad hold on our ways of thinking, feeling and being; hence it shapes our positionality in the world. […] is to surface many of those taken-for-granted norms and assumptions that underlie the social institutions of sex, gender and sexuality in Africa. In particular, it challenges and problematizes the naturalized, normative modes of thinking about these three concepts. Doing so will help relocate the power that operates through these aspects of our lives, a particularly important goal in achieving Africa’s transformative agenda of decolonization/decoloniality.

Excerto de “Decolonization and Afro-Feminism” (Sylvia Tamale, 2020)

Sendo o género uma construtura histórico-cultural e política, ele jamais é neutro. Diversos(as) autores(as) africanos(as), como a académica e ativista dos direitos humanos ugandesa Sylvia Tamale, têm mostrado o quanto os discursos predominantes sobre o género foram sendo concebidos e validados em centros de poder apartados das realidades africanas. O modo de pensar o género, assim como outros conceitos, a partir desses lugares foram sendo tomados como universais e disseminados enquanto verdades absolutas. E este seminário internacional surge para trazer outras formas de viver, nomear e resistir às opressões, ou seja, Repensar o Género a partir da África: Perspetivas Globais e Locais” é um esforço para deslocar epistemologicamente as estruturas de poder que fendem as experiências locais do continente africano e de suas diásporas assumindo que produzimos conhecimentos, artes, lutas e cosmovisões capazes de fazer frente aos diferentes sistemas de opressão que se baseiam em lógicas e linguagens coloniais, patriarcais, racistas, capitalistas, cisheteronormativas, que vêm moldando as nossas vidas e corpos, as instituições, as culturas e subjetividades.

Posto isto, enfatiza-se que não há um único feminismo, uma ideia exclusiva de masculinidade ou um modelo uno de família, por exemplo; aqui, neste espaço de encontro, de reflexão crítica e criação coletiva que acolhe pesquisadores(as), estudantes, ativistas, artistas, lideranças comunitárias, formuladores(as) de políticas, entre outros(as), lidamos com saberes e práticas plurais.

Os eixos do seminário propostos abordam uma larga série de temas, quais sejam: violências e legislações, epistemologias de género e identidades, políticas públicas, intersecções do género com outros marcadores sociais, religião e espiritualidade, parentalidades, trabalho e questões de cuidado, o papel da arte e da cultura, etc., não só como formas de denúncia, mas inclusive enquanto possibilidades de reinvenção na medida em que não se quer um evento imparcial nem conciliador. O que se pretende é ter um espaço efetivamente político que vem desafiar as hierarquias do saber e abrir caminhos para os silêncios, por um lado, e criar juntamente alternativas globais desde ângulos locais para a reconstrução profunda de outras formas de existência, por outro. Pois, este pode ser aceite simultaneamente como um alerta e convocação para a criatividade política e epistemológica repensando o género a partir da África.

Don't have an account yet? Register Now!

Sign in to your account