O realizador e documentarista Ismael Cabrera, das Ilhas Canárias, iniciou esta segunda-feira, 30 de junho, uma formação intensiva de cinco dias em cinema documental na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV). O curso, intitulado "Identidade e Memória no Cinema Documental", está a decorrer até 4 de julho e convida estudantes e o público em geral a explorar o poder do cinema de não-ficção para construir narrativas pessoais e coletivas. 

A formação propõe uma imersão nas práticas documentais, partindo da premissa de que o documentário é a génese do próprio cinema. Cabrera argumenta que o primeiro filme dos irmãos Lumière, "A Saída da Fábrica", já continha os dois pilares do seu curso: a identidade, ao capturar os sujeitos, a sua classe e os seus gestos; e a memória, ao preservar um momento histórico único. 

O workshop visa expandir a perceção dos participantes sobre o que um documentário pode ser, integrando influências do cinema experimental, da performance e de outras expressões artísticas. O programa dará ênfase a perspetivas críticas, como as dimensões feminista, decolonial e queer na abordagem da identidade, e os estudos culturais e as teorias da pós-memória na exploração da memória. 

Ismael Cabrera, o formador, é licenciado em Comunicação Audiovisual pela Universidade Carlos III de Madrid e mestre em Teoria e Prática do Documentário Criativo pela Universidade Autónoma de Barcelona. A sua carreira tem sido dedicada a explorar temas de alteridade e a dar visibilidade a grupos marginalizados. O seu trabalho mais notável, a longa-metragem documental "Calima Rosa", que retrata as histórias de pessoas LGTBIQ+ com mais de 50 anos nas Ilhas Canárias, estreou no Festival Internacional de Cinema de Las Palmas em 2023 e viajou por festivais na Argentina, Venezuela, Colômbia, Guatemala e Índia.