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A Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) foi palco, no dia 4 de dezembro, da conferência inaugural do IV Seminário Internacional Caminhos Amefricanos, intitulada "Conexões Amefricanas: Histórias e Desafios Contemporâneos entre Brasil e Cabo Verde". A sessão foi proferida pela Professora Fátima Fernandes, Pró-Reitora para as áreas de Política Estudantil, Social e Extensão.

Na sua intervenção, a Professora Fátima Fernandes explorou a importância dos autores africanos de língua portuguesa na construção de um percurso literário que pontua questões cruciais como desigualdade, racismo e identidade cultural. "O intuito é trazer para este palco os autores que, ao longo da história, foram pontuando essa questão e traçando um percurso dentro desses caminhos africanos", afirmou.

A conferencista enfatizou a riqueza encontrada nos textos literários, que revelam situações onde a desigualdade é evidenciada e as características culturais de África são traçadas. "Encontramos nos textos literários uma enorme riqueza de situações em que se coloca essa desigualdade, traçam-se as características culturais de África e o caminho que os escravos, sobretudo, foram desenhando, defendendo a cultura e a identidade africana pelos lugares por onde passaram", destacou.

Fernandes sublinhou que a influência literária não se limita às relações entre África e América, mas estende-se a todos os continentes por onde o colonialismo deixou a sua marca, incluindo a Europa. "Estamos a falar de todos os continentes por onde o colonialismo passou. Inclusive a Europa, para onde, por exemplo, os escritores de língua portuguesa se dirigiram e estiveram", mencionou.

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A professora relembrou o papel fundamental da Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa, como um espaço de construção e convergência de escritores que hoje são reconhecidos pela sua contribuição na luta contra a desigualdade e o racismo. "Foi um grande espaço de construção de escritores que nós todos conhecemos, casos de Amílcar Cabral, Francisco José Tenreiro e outros, e que hoje nos dão conta, graças a eles, temos esse viés literário sobre a questão da desigualdade, do racismo, da quebra das nossas identidades", ressaltou.

A conferência abordou também o preconceito relativamente às línguas maternas e como isso impacta a identidade dos povos africanos. "A questão da quebra das nossas identidades, por exemplo, pelo preconceito relativamente às línguas maternas. É sobre isso que vou falar nesta conferência", concluiu a professora.

O evento, inserido no contexto do IV Seminário Internacional Caminhos Amefricanos, promoveu um espaço de reflexão sobre as histórias partilhadas entre Cabo Verde e Brasil, bem como os desafios contemporâneos enfrentados na luta contra as desigualdades raciais e sociais.

O seminário, que decorre até 13 de dezembro, inclui diversas atividades, como mesas-redondas, oficinas, visitas a locais históricos e culturais, e workshops temáticos. As iniciativas visam promover o diálogo intercultural, fortalecer os vínculos académicos e culturais entre Brasil e Cabo Verde, e enriquecer a experiência académica de estudantes e docentes através de cooperação técnico-científica e intercâmbios.

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