Num esforço para combater os riscos à saúde associados à poluição do ar, a Universidade de Cabo Verde, em colaboração com instituições nacionais e internacionais, realizou um workshop, entre os dias 29 e 30 de maio, sobre o impacto das partículas de poeira desértica na saúde pública. O workshop decorreu no âmbito do projeto DUSTRISK, que estuda a relação entre poeira desértica e problemas de saúde nos habitantes do arquipélago.
Segundo Kanel Wadinga Fomba, cientista sênior do Instituto Leibniz para a Investigação Atmosférica - TROPOS, a escolha de Cabo Verde para a realização do workshop não é aleatória. "Cabo Verde está na rota direta das tempestades de areia do Sahara, expondo a população a altas concentrações de poeira, particularmente durante a temporada de Amatão," explica Fomba. Essa exposição constante faz da região um laboratório natural para estudar os impactos da poluição atmosférica.
O projeto DUSTRISK é uma colaboração entre o TROPOS e várias entidades cabo-verdianas, incluindo o Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) e o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG). A iniciativa visa estudar os efeitos da poeira na saúde humana, mas também fortalecer as capacidades locais para monitorar e responder a esses desafios ambientais.
Durante o workshop, que aconteceu no Campus de Palmarejo Grande, foram apresentados os resultados preliminares do projeto. "Já conseguimos identificar uma clara toxicidade associada à poeira do Sahara, que se manifesta através de alergias e problemas respiratórios na população local," revela Fomba.
Este encontro destacou a importância do estudo da poluição natural como também serve de plataforma para a capacitação de estudantes e profissionais cabo-verdianos, equipando-os com conhecimentos e tecnologias para lidar com os desafios ambientais e de saúde pública. "É fundamental que continuemos a investir em pesquisa e desenvolvimento para proteger a saúde das nossas comunidades," conclui Fomba.