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A Universidade de Cabo Verde concluiu ontem, 14 de julho, no campus II-antigo Liceu Gil Eanes, em São Vicente, o Seminário de Encerramento do Mestrado em Epidemiologia de Campo (MEC-CV), um evento marcante que reuniu, ao longo de seis dias, docentes, investigadores, especialistas em saúde pública e os 15 mestrandos provenientes de Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

Sob o lema “Produção Científica e Transição para Novos Desafios”, o seminário decorreu de 09 a 14 de julho, com uma intensa programação académica e científica, destacando o compromisso da Uni-CV e dos parceiros nacionais e internacionais com a formação avançada em epidemiologia de campo no espaço lusófono africano.

Uma semana de ciência, partilha e reflexão

A abertura oficial aconteceu na quarta-feira, dia 9, com as boas-vindas proferidas pelo Professor Doutor António Pedro Delgado, seguidas de sessões de defesa de dissertações dos mestrandos, oficinas sobre redação de policy briefs e apresentações científicas em formato de pitch sobre temas cruciais como HIV/SIDA, resistência antimicrobiana, doenças preveníveis por vacinação, One Health e doenças transmitidas por vetores.

Nos dias seguintes, os participantes debateram temas relevantes como o papel das ciências sociais nas epidemias, a importância da publicação científica e os desafios enfrentados durante o mestrado, num ambiente de diálogo enriquecido por mesas-redondas com especialistas de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Portugal e Brasil.

Um dos momentos altos foi a visita de estudo à ilha de Santo Antão, no sábado, 12 de julho, onde os mestrandos tiveram contato direto com as práticas regionais em saúde pública e os desafios locais enfrentados pelos serviços sanitários.

Encerramento com discursos institucionais e entrega de certificados

A cerimónia de encerramento decorreu na tarde de segunda-feira, 14 de julho, e contou com a intervenção presencial do Reitor da Uni-CV, Professor Doutor Arlindo Barreto, que sublinhou que o MEC-CV "vai muito além da importância de formar mestres", tratando-se de uma iniciativa que lança as bases para uma nova geração de líderes em saúde pública. Barreto destacou que “a ciência precisa, com urgência, de se transformar em ação”, defendendo que a formação em epidemiologia de campo representa uma resposta concreta às fragilidades dos sistemas de vigilância dos países participantes, sobretudo após os desafios colocados pela pandemia da COVID-19.

O Reitor destacou ainda o papel da Uni-CV como instituição de referência regional em ciência da saúde, investigação e formação pós-graduada, servindo de elo entre o saber global e as necessidades locais. “Esta formação consolida o nosso papel e afirma a Universidade pública de Cabo Verde como parceira estratégica na promoção da saúde global", afirmou.

Dirigindo-se aos novos mestres, deixou uma mensagem de compromisso e responsabilidade. “Vocês não carregam apenas diplomas. Carregam a confiança dos vossos países e das comunidades que representam. Sejam centinelas da saúde pública, formados para prevenir, investigar, responder e comunicar com base na ciência e na ética.”

Por sua vez, o Ministro da Saúde, Dr. Jorge Figueiredo, em participação online na cerimónia, deixou também uma mensagem clara de reconhecimento ao percurso dos mestrados e à importância desta formação no contexto atual da saúde pública.

“Vivemos num mundo globalizado, com grande mobilidade de pessoas e bens, o que facilita a propagação de doenças epidémicas. A resposta a essas ameaças exige conhecimento técnico, análise rigorosa de dados e ação rápida”. Portanto, para o  governante, o investimento em formação em epidemiologia de campo é hoje estratégico para a resiliência dos sistemas de saúde, particularmente no continente africano, que continua a enfrentar surtos epidémicos frequentes.

Para Figueiredo, o impacto desta capacitação é evidente: “Estes profissionais estão hoje melhor preparados para diagnosticar precocemente e responder com rapidez científica e técnica a eventuais epidemias.”

Encorajando os novos mestres a manterem-se atualizados e interligados, o ministro apelou à continuidade do seu contributo técnico-científico. “Este é apenas o início de um percurso profissional. Coloquem os vossos conhecimentos ao serviço da saúde pública e do vosso povo.”

Jorge Figueiredo agradeceu ainda o empenho das instituições parceiras e realçou que a colaboração internacional é essencial para enfrentar os desafios sanitários comuns da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), elogiando o papel do INSP, da Uni-CV, da AFENET, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, e das universidades parceiras de Angola e Moçambique.

Na ocasião, foram entregues os certificados de conclusão do mestrado aos 15 estudantes do MEC-CV, marcando oficialmente a conclusão do ciclo iniciado em dezembro de 2021, no âmbito do projeto FETP-CV, cofinanciado pela União Europeia, com coordenação da Universidade Nova de Lisboa (NOVA) e um vasto consórcio internacional.

 

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