A Universidade de Cabo Verde tem a honra de convidar a toda a comunidade académica a participar no lançamento do livro "Terras Negras nos dois lados do Atlântico: Quem são os proprietários? Estudo comparado - Cabo Verde/Brasil", da autora Carolina dos Anjos Oyamade .
O evento terá lugar no dia 9 de novembro às 18 horas no hall da Mediateca na Uni-CV, e contará com a apresentação do docente José Carlos Gomes dos Anjos.
Carolina dos Anjos trabalha como professora adjunta na Universidade Federal do Paraná (Brasil) e coordenadora do Grupo de Pesquisa e Extensão Joana de Andrade. Tem anos de experiência nas áreas de Diversidade Étnico-Racial, estudando temas como territorialização étnica, campesinato cabo-verdiano, regularização fundiária e quilombos.
Resumo da obra:
A presente obra intenciona analisar os processos sociais que possibilitaram a ascensão de camponeses negros como possuidores de terra em contextos pós-coloniais. O debate ora suscitado, busca eleger como foco de reflexão as relações que produzem discursos de verdade, nos quais antigos rendeiros (Cabo Verde) e quilombolas (Brasil) não se constituem facilmente na figura de proprietários. As teorias do estado de exceção lêm esses fenômenos de oscilação política como uma forma peculiar de resguardar a segurança pública em um paradigma arbitrário de governo. Sendo assim, serão apresentados argumentos que vislumbrem a insegurança fundiária nos dois países em um quadro complexo do referido estado de exceção que mescla elementos raciais, étnicos e políticos. Neste fulcro, serão apresentados dois universos rurais: São Salvador do Mundo (Cabo Verde) e Canguçu, Quilombo Maçambique (Brasil) - o primeiro assistiu às fortes disputas territoriais entre morgados e rendeiros, passando pelo projeto de reforma agrária e, atualmente, encontra-se sob a posse de pequenos agricultores; o segundo experimentou as variadas transformações históricas no que se refere à questão fundiária sulina, bem como concentrou em seu espaço territorial um grande número de camponeses negros no séc. XIX. As duas localidades partem de contextos sociais de trabalho subalternizado por proprietários brancos, porém encontrando destinos raciais diversos, oferecendo materiais etnográficos densos para trabalhar a questão teórica “terra-segurança”.