
A Universidade de Cabo Verde, através do Centro de Investigação em Humanidades, e o Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, via a unidade de investigação ISTAR-Iscte, vão desenvolver o projeto ORAL – kriOl(u) laRge lAnguage modeLs, uma iniciativa pioneira de inclusão digital centrada na língua cabo-verdiana (kriolu). Co-financiado pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), o projeto tem 15 meses de duração a partir de outubro de 2025 e um orçamento total de 72 mil USD. Do montante global, 46.368 USD cabem ao Iscte e 25.632 USD à Uni-CV. A coordenação científica é partilhada por Miguel Sales Dias e António Raimundo (Iscte) e por Dominika Swolkien e Ana Karina Moreira (Uni-CV).
A iniciativa visa permitir que cidadãos no país e na diáspora utilizem serviços digitais na sua língua materna, criando recursos de leitura e escrita em kriolu e ferramentas de tradução entre kriolu e português. Serão igualmente desenvolvidos materiais de pronúncia e de fala, incluindo um sistema de reconhecimento de voz, bem como assistentes conversacionais capazes de interagir por texto e por voz. Todos os resultados serão disponibilizados em acesso aberto, para uso em educação, serviços públicos, cultura e aplicações do quotidiano.
Para garantir utilidade prática e impacto social, o projeto integra ações de formação destinadas a professores, funcionários públicos, investigadores, estudantes, empreendedores e pessoas com necessidades especiais. Em paralelo, será feita avaliação de impacto para medir como estas ferramentas melhoram o acesso à informação, aos serviços e à participação cívica.
O ORAL apoia ainda políticas públicas de valorização do kriolu, em articulação com o Ministério da Educação, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, o Instituto Camões, a Associação da Língua Materna Cabo-Verdiana (ALMA-CV) e outros parceiros da sociedade civil. O objetivo é contribuir para o reconhecimento, a normalização e a oficialização da língua, reforçando o seu lugar no espaço digital.