O Centro de Investigação e Formação em Género e Família (CIGEF), em colaboração com o Leitorado Brasileiro da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), promoveu, na quinta-feira, dia 2 de maio, na Mediateca da Uni-CV, a apresentação da peça teatral “Sarau da Sôdade” — uma criação colectiva que entrelaça literatura, teatro e questões profundamente enraizadas na experiência sociocultural cabo-verdiana.
A peça resulta da Oficina de Escrita Criativa e Teatro, orientada pela actriz, escritora e educadora afro-brasileira Renálide Carvalho, no âmbito do seu doutoramento sanduíche na Uni-CV, com o apoio do Programa Atlânticas: Beatriz Nascimento – Mulheres na Ciência, do Ministério da Igualdade Racial do Brasil. A iniciativa envolveu estudantes do curso de Educação Básica e membros do Clube de Literatura e Teatro da Uni-CV (CULT).
Durante a oficina, os participantes exploraram a sua criatividade através de jogos teatrais e exercícios de escrita, dando corpo e voz às suas próprias experiências. O resultado são textos originais que abordam emigração, identidade, dinâmicas familiares e outras questões socioculturais que permeiam o quotidiano dos cabo-verdianos, profundamente marcadas pela sôdade — sentimento de ausência, resistência e esperança.
Na abertura do evento, a Diretora do CIGEF, Carmelita Silva, deu as boas-vindas e destacou a importância das artes como instrumento de comunicação nas sociedades contemporâneas. Sublinhou ainda que as artes desempenham um papel crucial na expressão cultural e na promoção do diálogo social, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e consciente.
De seguida, Karina Gomes, representante do Leitorado do Brasil, definiu o sarau como um espaço de “vozes, memórias e criações que nascem do corpo, da palavra e do afecto”, reforçando o poder transformador da arte na construção de pontes entre juventude, identidade e resistência.
A Presidente da Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes (FCSHA), Fernandina Fernandes, elogiou a iniciativa e reafirmou o compromisso da Faculdade com a promoção das artes no meio académico, sublinhando que “a arte é um dos pilares estruturantes da FCSHA”.
A programação contou com a encenação da peça por Renálide Carvalho e pelo grupo CULT-UniCV, seguida de um debate enriquecedor com as professoras Clementina Furtado (FCT-UniCV) e Andréa Lobo (Universidade de Brasília), bem como um espaço de intervenção do público.
Mais do que uma apresentação artística, o “Sarau da Sôdade” afirmou-se como um espaço de partilha, reflexão e construção colectiva de conhecimento, revelando a arte como instrumento de expressão, escuta e transformação social.