Numa entrevista concedida ao Expresso das Ilhas, Elter Carlos, docente em filosofia na Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes (FCSHA) da Uni-CV, criador da Conferência Cabo-verdiana e Presidente da Comissão Organizadora voltou aos resultados e aprendizados da III edição deste evento. O mesmo foi organizado no dia 15 de outubro pela Coordenação do Curso de Filosofia da FCSHA com a colaboração do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto e do Movimento Internacional Lusófono. Realizada em formato online no dia 15 de outubro sob o lema “Trocas narrativas e Experiência de Leitura Plural”, a Conferência contou com a participação de vários oradores nacionais e internacionais.
Na referida entrevista, o Elter Carlos realçou que o objetivo principal deste evento foi “promover o diálogo entre Filosofia, Literatura e Educação em Cabo Verde e no espaço lusófono” e valorizar o papel da filosofia e das humanidades em geral numa sociedade cada vez mais focada nas tecnologias, esquecendo certas áreas do pensamento.
Daí, segundo o entrevistado, a relevância do tema deste ano, que visa reforçar o papel das narrativas como espaços simbólicos de aprendizagem, autodescoberta e partilha. De facto, “sublinha a importância das narrativas na formação humana” e “o seu valor na educação”, pois uma sociedade só pode saber para onde vai se souber de onde vem e onde está.
Elter Carlos insistiu também sobre o fato de que a literatura e a poesia são essenciais, em particular em Cabo Verde, para entender e viver experiências e conceitos filosóficos inefáveis. As ligações entre as duas disciplinas são então essenciais e devem ser sempre pensadas, estudadas e alimentadas.
O Presidente da Comissão Organizadora indicou que neste sentido, o lema da IV edição terá por ambição de ligar a filosofia com a ideia de “Imagens Pensantes”, integrando e reforçando a dimensão estética e artística do pensamento filosófico em Cabo Verde e no espaço lusófono.
Em jeito de conclusão, o Elter Carlos realçou que “hoje, mais do que nunca, é urgente a instalação e o robustecimento do pensamento filosófico nas arenas sociais, políticas e culturais”. Segundo ele, são elementos imprescindíveis para o desenvolvimento de uma sociedade feita de humanismo, espiritualismo, inventividade e boa cidadania.