A investigação “Inclusive Education of Children with Disabilities in Cape Verde: Voices of Parents/Guardians and Teachers”, assinada por Filomeno Afonso Correia Tavares, docente e investigador da Faculdade de Educação e Desporto da Universidade de Cabo Verde, em coautoria com Ana Paula Loução Martins, investigadora do Centro de Investigação em Estudos da Criança, da Universidade do Minho (Braga, Portugal), foi recentemente publicada na Journal of Special Education (JSE), uma revista internacional, indexada em Scopus, Web of Science e Google Scholar.
Foco na realidade cabo-verdiana
O estudo descreve as particularidades da educação inclusiva de crianças com necessidades educativas especiais em Cabo Verde, num contexto em que a inclusão desempenha um papel fundamental nas políticas e práticas direcionadas para a construção de uma sociedade mais justa. A recolha de dados contemplou a aplicação de questionários a uma amostra estratificada de 345 professores do ensino básico e 265 pais/encarregados de educação, em todos os concelhos do país.
Os resultados indicaram que nem todas as crianças com necessidades educativas especiais iniciaram o percurso escolar na idade legalmente estipulada (6 anos), evidenciando a necessidade de reforçar o acesso e a equidade no sistema educativo. Já a análise das condições de ensino realça a existência de salas de aula com muitos alunos quando as turmas acolhem crianças com necessidades educativas especiais e a falta de serviços especializados de educação especial, capazes de fornecer respostas adaptadas às necessidades de todos os alunos com essas necessidades.
Apoios especializados e formação contínua
De forma geral, os professores e os pais/encarregados de educação manifestaram-se favoráveis à educação inclusiva, reforçando a relevância de apoios especializados nas escolas e de ações de formação contínua para professores , famílias e comunidade. Houve consenso quanto à importância de iniciativas de sensibilização, destinadas a cimentar uma cultura inclusiva no ambiente escolar.
Para os autores, “o caminho para uma escola inclusiva implica vontade política, determinação, conhecimento e atitude positiva de todos os agentes envolvidos”. Neste sentido, o artigo formula recomendações concretas para decisores políticos e gestores educacionais, apontando caminhos que podem favorecer a colaboração entre o Governo, a escola e a comunidade na construção de um ambiente inclusivo e participativo.
Desafios e perspetivas futuras
Embora Cabo Verde tenha registado progressos na área da educação inclusiva , o texto sublinha que persistem ainda desafios significativos para garantir uma educação plenamente inclusiva. Entre os obstáculos identificados estão:
- Escassez de recursos e de serviços especializados;
- Necessidade de maior envolvimento de todas os intervenientes no processo;
- Implementação de medidas de políticas eficazes que assegurem respostas educativas adequadas em todo o país.