"REFRAME: O Ensino da História da Escravização e de Raça no Nexo Colónia-Metrópole” (Teaching the History of Enslavement and Race in the Colony-Metropole Nexus), destaca-se por ser um projeto que tem por objetivo renovar a forma como a história da escravização e questões raciais são ensinadas nas escolas, bem como avaliar e influenciar as tendências atuais na educação histórica, conectando o passado colonial com o presente.
Co-liderado pelo investigador Francisco Monteiro da Faculdade de Educação e Desporto da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), esta iniciativa surge após a observação de uma lacuna significativa no conhecimento e preparação de professores para abordar este tema crucial. Estudos realizados nos Estados Unidos revelaram que a compreensão dos estudantes sobre a escravização é notavelmente limitada e que muitos educadores se sentem inseguros ao ensinar esta parte da história. Além disso, dados apontam que investigadores vincularam o conhecimento histórico dos alunos à sua habilidade de reconhecer e identificar as dimensões estruturais do racismo, ressaltando a importância de uma educação histórica profunda e reflexiva.
REFRAME, que ganhou, recentemente, um financiamento da Spencer Foundations no valor de $74.955.00, terá a duração de três anos e envolverá cerca de 80 participantes, incluindo decisores políticos, docentes, associações de história, profissionais de museus e membros da sociedade civil. Incluirá uma série de atividades como formação de professores, análise de livros didáticos, debates comunitários e conferências internacionais, todas visando promover uma compreensão mais profunda e inclusiva da história da escravização e de raça.
Este projeto, liderado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra através da Doutora e Investigadora Marta Araújo, oferece um contributo original, visando: i) um estudo do impacto da preocupação com o ensino da escravização nos enquadramentos, recomendações e iniciativas sobre educação histórica em diferentes regiões do mundo (Europa e África); ii) dados empíricos sobre a educação histórica, através da análise de mudanças atuais nas orientações curriculares, nos manuais escolares e nas práticas pedagógicas relativas ao ensino da história de escravização e de raça em Portugal e em Cabo Verde; iii) um diálogo interdisciplinar entre a história pública e escolar em diversos contextos locais, a partir da identificação de questões controversas, estratégias inovadoras e recursos na educação não-formal.