O Professor Doutor Silvino Lopes Évora, docente e investigador da Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), acaba de ver o seu mais recente trabalho científico publicado no livro internacional “Media, Arte & Tecnologia nas Nove Culturas de Língua Portuguesa” / “Media, Art & Technology in the Nine Portuguese-speaking Cultures”, uma edição da University of Saint Joseph, de Macau.
O artigo, intitulado “Inteligência Artificial, culturas das redações e jornalismo: Do espectro internacional às experiências em Cabo Verde”, figura a partir da página 57 da obra na edição portuguesa do livro, que está disponível em duas versões, português e inglês, tanto em formato impresso como digital. Há a previsão de as duas edições serem apresentadas em Cabo Verde, na Uni-CV, no primeiro semestre de 2026.
Na sua investigação, o Professor Silvino Lopes Évora analisa o impacto profundo da Inteligência Artificial (IA) no jornalismo contemporâneo. O estudo argumenta que a IA está a acelerar a cristalização de uma cultura digital, afastando as rotinas produtivas do jornalismo das práticas tradicionais e sociais que Warren Breed, em 1955, designou por “cultura das redações”. O novo modelo informativo, sustenta o autor, passou a guiar-se por processos robotizados de sistematização e processamento de informação a partir de ‘big data’, o que influencia os mapas interpretativos que constroem o campo semântico das produções jornalísticas.
O artigo salienta que esta automatização trouxe ganhos em velocidade, mas também perdas significativas ao nível dos recursos estilísticos, da densidade textual, da ética discursiva e da humanização narrativa, "desenraizando o texto jornalístico do território da criatividade". O investigador foca-se depois na realidade cabo-verdiana, notando que, embora estas mudanças não tenham atingido o setor de forma ‘abismal’, regista-se uma ‘adesão paulatina’ a este movimento global. A sua expressão mais visível em Cabo Verde é a introdução de próteses vocais na sonorização de ‘offs’ noticiosos nos ‘media’ audiovisuais, um cenário que, conforme analisado, constitui um novo desafio para os sistemas de regulação de conteúdos no país.
De salientar que o Professor Doutor Silvino Lopes Évora concluiu, em 2022, o seu Pós-doutoramento em Ciências da Comunicação na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, com uma investigação sobre “Mudanças Tecnológicas e Negócios Jornalísticos” em Cabo Verde. No ano seguinte, superou, com sucesso, as Provas de Agregação em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho, onde, também, concluiu o Doutoramento e o Mestrado na mesma área científico (2010 e 2006, respetivamente). Ainda, salienta-se que o referido docente é licenciado em Jornalismo pela Universidade de Coimbra e licenciado em Direito pela Universidade de Cabo Verde.
Para além das suas atividades de investigação desenvolvidas na Uni-CV e como investigador ligado ao Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, o Professor Silvino Lopes Évora exerce atualmente as funções de Presidente do Conselho Científico da Universidade de Cabo Verde e de Coordenador do Grupo Disciplinar das Ciências da Comunicação na mesma Universidade.
A publicação deste artigo num livro de cariz internacional, que reúne perspetivas das nove culturas de língua portuguesa, reforça a qualidade e o relevo da investigação produzida em Cabo Verde e contribui para o debate global sobre os desafios e transformações que a Inteligência Artificial impõe ao jornalismo e às sociedades.