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Um estudo realizado pelo docente e investigador da Faculdade de Educação e Desporto da Universidade de Cabo Verde, Francisco Osvaldino Nascimento Monteiro explora as representações de Portugal nos manuais do ensino primário de Cabo Verde, entre os anos de 1975 e 1990. Este intervalo temporal é crucial, marcando os primeiros anos após a independência do país, quando Cabo Verde empreendeu a redefinição de sua identidade nacional, distanciando-se dos legados coloniais.

Através da análise de dez manuais utilizados nas escolas cabo-verdianas, o estudo buscou compreender as mudanças na forma como Portugal era retratado, refletindo sobre o papel destes materiais didáticos na construção da nova identidade nacional. Os resultados mostram que, nos primeiros manuais logo após 1975, quase não se falava de Portugal como o ex-colonizador. Nos livros de história da mesma época, os portugueses eram descritos de forma bastante negativa. Já nos anos 80, as referências à colonização diminuíram, e começou a surgir uma visão mais positiva de Portugal, refletindo as relações diplomáticas e de cooperação entre os dois países.

O estudo sugere que os manuais escolares cabo-verdianos desempenharam um papel fundamental na disputa pela nova identidade de Cabo Verde, oscilando entre preservar a memória da luta pela independência e promover uma visão de futuro cooperativo com Portugal. Este equilíbrio gradualmente inclinou-se para uma narrativa que prefere olhar adiante, superando as adversidades do passado colonial.

Publicada na revista "Práticas da História - Journal on Theory, Historiography and uses of the Past", a investigação intitulada “Representações de Portugal nos manuais de ensino primário cabo-verdiano (1975-1990)” lança um olhar sobre a história da educação em Cabo Verde, mas também chama atenção para como os países recém-independentes lidam com suas identidades pós-coloniais através da educação. Ao comparar os livros antigos com os atuais, o estudo também revela uma certa resistência em integrar plenamente a história africana de Cabo Verde nos currículos escolares, destacando uma preferência pela herança cultural portuguesa.

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