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Realizou-se hoje, 3 de dezembro de 2025, na Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes da Universidade de Cabo Verde (FCSHA), no Polo II, Mindelo, o seminário Canções de Resistência: História, Música e Memória em Cabo Verde, com a participação da investigadora Inês Nascimento Rodrigues, do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Portugal.

A atividade promoveu uma profunda reflexão sobre a história recente de Cabo Verde, observada por meio das expressões musicais de resistência, em particular através dos géneros tradicionais como Batuku, Tabanka e Funaná. Esses ritmos, segundo a exposição, tiveram papel central não só na afirmação cultural, mas também na articulação de lutas de libertação e na construção coletiva da identidade cabo-verdiana.

A pesquisadora sublinhou como, mesmo sendo marginalizados pelo regime colonial português, que via Batuku, Tabanka e Funaná como práticas “suspeitas” ou “subversivas”, estas expressões musicais funcionaram como zonas de resistência cultural. Através das “canções de resistência”, as comunidades transmitiam mensagens de identidade, memória, solidariedade e emancipação, que funcionavam como canais de crítica e denúncia contra a opressão colonial.

Durante a sessão, os estudantes puderam perceber que a música serviu como forma de preservação da memória histórica e como instrumento de mobilização política durante o período anticolonial. A discussão evidenciou o papel dos ritmos tradicionais como espaços de resistência simbólica e de afirmação identitária, contribuindo para o fortalecimento do sentimento de pertença e unidade nacional, sobretudo num processo de descolonização, não apenas territorial, mas também cultural.

Ao centrar-se nas intersecções entre cultura, memória e política, o seminário permitiu uma aproximação orgânica dos jovens com a dimensão cultural da luta de libertação. Para Inês Nascimento Rodrigues, o estudo da música de protesto e de resistência em Cabo Verde é fundamental para compreender os processos de construção da identidade nacional e os legados simbólicos da libertação.

O seminário encerrou com um debate entre estudantes e a investigadora, onde foram abordadas questões da atualidade: como a preservação e valorização de géneros tradicionais pode contribuir para o reconhecimento da memória colectiva; e de que modo as novas gerações podem assumir um papel ativo na manutenção desses patrimónios culturais.

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