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A importância da Educação Física como espaço de inclusão e de desenvolvimento integral dos alunos esteve em destaque no seminário intitulado “Educação Física do Sec. XXI: o ensino para a inclusão através da diferenciação”, realizado na terça-feira, 2 de dezembro de 2025, no auditório 101, do edifício 8, no Campus do Palmarejo Grande. A iniciativa foi promovida pela Faculdade de Educação e Desporto da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) e foi proferida pela docente da  Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra Elsa Ribeiro-Silva.

Na sua apresentação, a investigadora sublinhou que a Educação Física (EF), enquanto componente comum da maioria dos currículos escolares, é um dos meios mais eficazes para proporcionar a crianças e jovens capacidades, atitudes, valores, conhecimentos e formas de compreenderem a sua participação na sociedade ao longo da vida. Elsa Ribeiro-Silva chamou a atenção para a indecisão histórica de muitos docentes e profissionais da área quanto às finalidades da disciplina, lembrando que, por vezes, se responsabiliza a EF por mudanças morfológicas ou fisiológicas que pertencem a uma lógica estritamente biologista e que excedem o seu âmbito pedagógico.

A oradora defendeu que as áreas de extensão da Educação Física devem articular, de forma integrada, três dimensões fundamentais: promoção de conhecimentos, desenvolvimento de capacidades e formação em valores e atitudes. Esta integração, explicou, deve estar presente nas propostas de ensino-aprendizagem construídas pelos professores, reforçando o caráter educativo da disciplina para além de uma visão meramente técnica ou centrada no desempenho físico.

Ao longo do seminário, foi igualmente salientado que diversos organismos internacionais têm reiterado o princípio de que todos os alunos, independentemente da sua origem, condição social, morfologia, etnia, credo, capacidades ou género, têm o direito de aprender, defendendo que o que diferencia o desenvolvimento do atraso é, precisamente, a aprendizagem. Nesta linha, Elsa Ribeiro-Silva argumenta que a finalidade da EF deve passar por garantir que os alunos aprendem os gestos técnicos das modalidades de forma rudimentar, mas compreensível, com o objetivo de os poderem praticar ao longo da vida. Este modelo de ensino-aprendizagem, assente na compreensão e na adaptação às capacidades individuais, torna-se, assim, acessível a todos.

A especialista destacou ainda o papel das situações de jogo,  bem como das coreografias, no caso da Dança ou da Ginástica, como contextos privilegiados para ativar um processo cíclico de aprendizagem: observar, refletir, mobilizar conhecimentos, decidir, executar, voltar a observar e refletir. Este ciclo, salientou, é essencial para treinar a tomada de decisão e a resolução de problemas, competências fundamentais para a vida em sociedade. Ao apostar numa Educação Física centrada na inclusão e na diferenciação pedagógica, concluiu, a escola contribui para formar cidadãos mais autónomos, críticos e participativos.

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