O docente e investigador da Escola de Ciências Agrárias e Ambientais da Uni-CV, Arlindo Fortes, teve o seu artigo intitulado “Pequena agricultura e a renovação geracional no contexto dos desafios da segurança alimentar” publicado na revista internacional, Global Food Security.
No âmbito do projeto SALSA (Pequenas explorações agrícolas, pequenos negócios agroalimentares e segurança alimentar sustentável), financiado pelo programa HORIZON2020 da União Europeia, Arlindo Fortes, juntamente com outros investigadores internacionais, analisou as questões relacionadas à renovação geracional nas pequenas propriedades em regiões selecionadas da Europa e da África. A sua participação passou pela recolha de dados a nível de Cabo Verde.
“O objetivo principal do artigo foi associar a juventude e o papel que terá para a garantia da segurança alimentar, incluindo a proteção, o processamento, a distribuição, a comercialização e o consumo”, diz Arlindo Fortes. Reforça ainda que este artigo “trata de olhar para a questão geracional, que é a vontade de continuar a produção agrícola e com isso manter o sistema de segurança nutricional”.
Conforme adianta Fortes no artigo, “há um reconhecimento cada vez maior de que os jovens na agricultura têm um papel importante a desempenhar para enfrentar os desafios da segurança alimentar”. Realça ainda que “a agricultura em pequena escala tem muito menos probabilidade de atrair os jovens do que a agricultura de maior escala e os setores não agrícolas.”
Segundo o investigador, a falta de meios de produção e de financiamento é uma das maiores causas da escassez da procura dos jovens pela agricultura. Por outro lado, hoje em dia os jovens veem os empregos nas cidades “com mais estatuto” em comparação com o trabalho no campo.
Dentre os resultados apresentados no artigo, constata-se que na Europa e na Africa os agricultores operam a sua produção exclusivamente em terras da sua propriedade. Esses dados indicam que o fenômeno do arrendamento informal de terras é particularmente frequente nas regiões da Polónia e da Letónia, mas também em África.
No que diz respeito à oportunidade de aquisição de terras, os jovens europeus (Polônia, Letônia e Reino Unido) são menos propensos a possuir todas as terras em que trabalham (39,3%) em comparação com os jovens africanos, com cerca de 86,0%. Isto explica-se porque na Europa há muito pouca terra agrícola disponível para venda, devido à valorização deste sector.