Um novo estudo publicado na revista "Tourism Management Perspectives" lança luz sobre o impacto das políticas de desenvolvimento turístico imperialistas no empoderamento dos residentes locais e no seu apoio ao turismo sustentável em Cabo Verde. A investigação, conduzida pelo professor Edson Santos da Universidade de Cabo Verde, em colaboração com investigadores internacionais, revela descobertas cruciais sobre a dinâmica entre o desenvolvimento turístico e as perceções de imperialismo na ilha do Sal.
Intitulado “Imperialism, Empowerment, and Support for Sustainable Tourism: Can residents become empowered through an imperialistic tourism development model?”, o estudo tinha como objetivo abordar preocupações relacionadas com o equilíbrio de poder, a continuidade do imperialismo e as relações entre países de alta e baixa renda num destino turístico vulnerável como Cabo Verde.
A investigação conclui que, apesar de um modelo de desenvolvimento turístico frequentemente considerado neocolonial, não há uma ligação direta entre perceções de imperialismo e sentimentos de empoderamento entre os moradores. Este resultado desafia a suposição comum de que estruturas imperiais não empoderam as comunidades locais.
Baseando-se na Weber Theory of Formal and Substantive Rationality (WTFSR) e na Institutional Theory, a investigação destaca que o apoio ao turismo sustentável pelos residentes é influenciado por uma complexa interação de fatores económicos, sociais e institucionais, além da presença de práticas imperialistas.
Os residentes veem o turismo como uma ferramenta para o bem-estar económico, social e cultural, além de um caminho para o empoderamento. Esta perceção tem implicações práticas significativas para as partes interessadas. Primeiramente, os resultados indicam que, embora os modelos de turismo imperialistas estejam profundamente enraizados em Cabo Verde e contribuam para o PIB nacional e atraiam investimentos estrangeiros diretos, a importância de envolver os residentes no desenvolvimento do turismo não deve ser negligenciada.
O estudo aponta para a necessidade de uma abordagem mais matizada para o desenvolvimento do turismo em Cabo Verde, considerando as especificidades culturais e socioeconómicas locais. Sugere que o envolvimento ativo das comunidades locais nos processos de decisão é crucial para promover um turismo mais inclusivo e sustentável.
Além disso, a investigação enfatiza que as estratégias de turismo devem maximizar os benefícios económicos, mas também promover a justiça social, a sustentabilidade ecológica e o respeito pela cultura local. A inclusão das vozes dos residentes nas etapas de planeamento e implementação das políticas turísticas é vista como essencial para alcançar esses objetivos.